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Seminário de Tecnologias Educacionais traz jogos e audiovisual à EPSJV

Evento trouxe reflexões sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação no campo da educação
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 10/06/2015 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h46

Com o objetivo de proporcionar aos docentes, pesquisadores e alunos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e de outras instituições de ensino e pesquisa, uma reflexão mais sistematizada sobre as concepções e usos das tecnologias de informação e comunicação no campo da educação e, mais especificamente, as possibilidades e desafios de sua incorporação na Educação Profissional em Saúde, o Núcleo de Tecnologias Educacionais em Saúde (Nuted/EPSJV) promoveu o II Seminário de Tecnologias Educacionais e Educação Profissional em Saúde, nos dias 2 e 3 de junho, na sede da EPSJV.

Para o coordenador do Nuted, Carlos Batistella, na educação, impõe-se a necessidade de colocar em pauta os impactos e as formas de subjetivação resultantes da incorporação de Tecnologias de Comunicação e Informação. “No entanto, para enfrentar seu uso acrítico e instrumental, é preciso ir além dos recursos de recusa ou desvalorização. Faz-se necessário trazer para dentro da escola e dos programas de pesquisa a reflexão e a apropriação das múltiplas práticas sociais e linguagens que diversificam e ressignificam os cenários de ensino e aprendizagem”, afirmou o professor-pesquisador.

Na mesa de abertura, a vice-diretora de Ensino e Informação da EPSJV, Páulea Zaquini, lembrou que a escola tem pensado muito na questão de tecnologias educacionais no campo da educação profissional em saúde: “O compromisso com a formação de jovens trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS, considerando o uso das tecnologias educacionais e recursos que possam levar as nossas reflexões para além da escola, mas de forma crítica, é o que nos tem deixado muitas interrogações de como podemos fazer isso”.

Pesquisadora do Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (Nutes/UFRJ), Taís Gianella, abriu o seminário falando sobre “Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação em Ciências e Saúde: compartilhando experiências e reflexões”.

A partir de uma ferramenta de autoria própria chamada “Constructore”, que oferece a oportunidade de professores construírem atividades educativas semipresenciais e à distância, Taís apresentou o trabalho de pesquisa sobre a integração de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no trabalho docente realizado pelo Nutes a partir da parceria entre pesquisadores e atores da prática, como professores, alunos, profissionais de saúde e pacientes.  “A questão não é a ferramenta em si, mas a oportunidade que ela traz de analisar os processos educativos com seu uso”, afirmou a professora que mostrou especificamente quatro pesquisas que analisaram usos do software desenvolvidas pelo Nutes.

A pesquisadora ainda destacou os desafios e as diferentes motivações e expectativas de alunos e professores, como a resistência em incorporar mudanças nos processos de ensino, pouca adesão e receptividade dos alunos, as dificuldades técnicas e os poucos investimentos em infraestrutura e formação para o uso das TICs nas escolas e universidades.

A segunda palestrante do dia, a professora-pesquisadora Lívia Farias apresentou sua pesquisa em que analisa os discursos presentes em políticas que falam sobre a integração das TICs na educação básica em países ibero-americanos, a partir da teoria do discurso de Ernesto Laclau.  

Depois de analisar os documentos produzidos pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) e Unesco - “Metas educativas 2021” (2010), “Miradas sobre la educación” (2011) e “Padrões de competência em TIC para professores: Unesco” (2008) - , Lívia verificou que três principais “demandas” perpassam os textos: a da formação docente, a da qualidade da educação e a da inserção da escola na sociedade do conhecimento. Ou seja, a escola aparece muitas vezes como espaço atrasado e desconectado das tecnologias, enquanto os professores precisariam ser alfabetizados nas mesmas, para implementá-las e, com isso, garantir a qualidade no ensino e promover a competitividade e o desenvolvimento econômico dos países ibero-americanos.

A segunda mesa do seminário contou com a presença dos pesquisadores Guilherme Xavier (CEDERJ e PUC-Rio) e Marcelo de Vasconcellos (ICICT/Fiocruz), em apresentações sobre Jogos, Educação e Saúde.

Guilherme Xavier apresentou inicialmente alguns desafios que a escola enfrenta, como a inserção cada vez maior das tecnologias digitais na vida dos alunos, a demanda por interação, convivendo com o baixo investimento nas condições de trabalho de professores.

Por sua vez, Marcelo apresentou exemplos de jogos, especialmente na área da saúde, que buscam ensinar pelos processos, ou seja, que se baseiam na ideia da retórica procedimental: os jogadores, ao experimentarem processos ou situações no jogo, aprendem sobre problemas reais. Além disso, destacou três aspectos fundamentais dos jogos eletrônicos: interpretação – recepção do conteúdo, textual, imagético e procedimental; configuração – manipulação da visão ou de objetos do jogo; e construção – produção de conteúdo e elementos dos jogos pelos próprios jogadores, e mesmo a criação de uma cultura ao redor do jogo.

A terceira mesa do evento reuniu a jornalista e fotógrafa, que faz parte da equipe do Cinema e Educação (Cineduc), Bete Bullara, e a mestre em Ciência das Artes, Maíra Norton.

Na última mesa, a jornalista do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz), Daniela Muzi, contou um pouco do trabalho realizado na Vídeo Saúde – distribuidora da Fiocruz, que é um polo de guarda, produção e disseminação de materiais audiovisuais em saúde e tem a missão de compartilhar conhecimento.

Daniela destacou ainda o lugar do vídeo nos sistemas de saúde: “Um vídeo não resolve o problema de todas as doenças, é só o começo. A gente pode resolver um problema de comunicação com comunicação, mas a gente não pode resolver um problema de saúde com comunicação”.

Para fechar o seminário, a roteirista e diretora Ieda Rozenfeld falou sobre a produção audiovisual na saúde e mostrou trechos de diversos documentários sobre o tema. “No audiovisual em saúde, é preciso dar voz aos usuários. Não só aos pesquisadores, mas as pessoas que passaram pelo fato. É fundamental envolver a sociedade toda”, afirmou Ieda.