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SOS Saúde Mental

No Dia Nacional da Luta Antimanicomial, professoras-pesquisadoras da EPSJV/Fiocruz lançam documentário sobre desmonte na Rede de Atenção Psicossocial no Rio de Janeiro
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 19/05/2022 14h34 - Atualizado em 01/07/2022 09h40

O desmonte da Rede de Atenção Psicossocial no Rio de Janeiro e a precarização do trabalho nos Centros de Atenção Psicossocial durante a pandemia da Covid-19 estão retratados no documentário ‘SOS Saúde Mental’, lançado no dia 18 de maio por três professoras-pesquisadoras da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), em conjunto com a produtora Bombozila. O filme é o último produto em audiovisual da pesquisa “Monitoramento da saúde, acesso à EPIs de técnicos de enfermagem, agentes de combate às endemias, enfermeiros, médicos e psicólogos, no município do Rio de Janeiro em tempos de Covid-19”, financiada pelo edital Inova Fiocruz e coordenada por Mariana Nogueira, Leticia Batista e Regimarina Reis. "Chegamos até aqui reiterando a importância da produção de conhecimento científico socialmente referenciado, assim como o caráter multifacetado da determinação social do processo saúde-doença para os usuários e para os trabalhadores da saúde”, ressalta Leticia.

Para Regimarina, os resultados identificados na pesquisa, a partir das falas de trabalhadores da saúde do município do Rio de Janeiro, apontam para a fragilização dos serviços, manifestada especialmente pelas terceirizações e precarização das condições de trabalho. “Então pensamos no filme como um formato capaz de ampliar o alcance desses resultados, lançando luz sobre o projeto de desmonte da Atenção Psicossocial, que se intensifica com a pandemia, mas que tem origem anterior a ela. Assim, fizemos uma parceria de trabalho com a Bombozila, sob direção da Elllen Francisco, que tem experiência reconhecida em produções audiovisuais no campo da saúde pública como direito social”, explica. 

Mariana acrescenta que o documentário foi pensado para dar lugar e centralidade aos trabalhadores da Atenção Psicossocial, que é um dos níveis de atenção incluídos na pesquisa. “A Rede de Atenção Psicossocial vendo sendo sucateada há pelo menos três gestões municipais, por conta da escolha por organizações sociais como forma de contratação, que atende a interesses empresariais e não dos trabalhadores”, aponta, citando também o avanço dos interesses neopentecostais com a passagem de recursos públicos do SUS para a iniciativa privada. “Ou seja, além da intensificação da precarização do trabalho no SUS e, particularmente, na Atenção Psicossocial, com falta de insumos, de medicamentos e de garantias de direitos trabalhistas, há um retrocesso no que se refere ao cuidado Antimanicomial quando, no Rio de Janeiro, são adotadas as comunidades terapêuticas. Nesse contexto, há também um retrocesso na Política de Redução de Danos, estimulado pelo governo, mas também pelos interesses dos empresários neopentecostais".

Na visão de Regimarina, cada vez mais é preciso aliar esse tipo de estratégia para comunicar e discutir resultados de pesquisa científica com a sociedade, a fim de que os estudos possam contribuir mais diretamente com as condições objetivas de lutas sociais pela transformação da realidade instituída. "Resulta dessa perspectiva a escolha por produtos de pesquisa audiovisuais, voltados para a comunicação com trabalhadores da saúde e com a sociedade em geral; e a definição pelo lançamento do curta-documentário em praça pública. A ideia é aproximar e produzir interação entre saberes, potencializando a lógica da pesquisa socialmente referenciada”, completou.

Elllen avaliou que o documentário cumpre um papel muito importante não só por ser um peça de denúncia da fragilização do serviço, mas também por ser uma reflexão importante para os movimentos em defesa do SUS, da luta antimanicomial, dos usuários e dos trabalhadores da saúde. "Não só porque fala das condições de trabalho e dos trabalhadores durante a pandemia, mas também porque linka a academia com os trabalhadores e a sociedade, traz um pensamento crítico sobre a realidade da precarização da saúde, relatos de como isso impacta na saúde dos trabalhadores e no cuidado que eles têm com os usuários e fala também sobre o momento em que se dá uma crise sanitária mundial que afeta a saúde mental da população e esse serviço está fragilizado", concluiu.

Assista o filme completo no canal da EPSJV no Youtube ou na plataforma de documentários Bombozila.com

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