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Cresce oferta de cursos tecnológicos na educação superior

Modalidade de ensino teve um crescimento de 21,9% e já oferece mais de 394 mil vagas em mais de 3.700 cursos. Crescimento também é observado na área de Saúde.
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 12/02/2009 09h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47


Mantendo a tendência dos últimos anos, os cursos tecnológicos ganham cada vez mais espaço no ensino superior brasileiro, de acordo com os dados do Censo da Educação Superior 2007, divulgados neste mês pelo Ministério da Educação. A modalidade teve um crescimento de 21,9%, atingindo a marca de 3.702 cursos. O número de vagas aumentou 23,6%, chegando a 394.120, sendo que 90% são oferecidas por instituições de ensino privadas.

Na área de Saúde, também se observa o crescimento dos cursos de tecnologia, principalmente a partir do ano 2000. Segundo dados do BEPSaúde (Banco de Dados da Educação Profissional em Saúde), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), até 2006 o número de cursos passou de 10 para 187, o que significou a abertura de 20 mil novas vagas no período.



Ana Margarida Campello, do Laboratório do Trabalho e da Educação Profissional em Saúde (Lateps) da EPSJV, e coordenadora da parte relativa aos tecnólogos do BEPSaúde, explica que o aumento na oferta de cursos tecnológicos se deve à política federal de expansão do ensino superior iniciada a partir do fim dos anos 90. “Com isso, houve incentivo não só para o aumento dos cursos de bacharelado e licenciatura, mas também dos tecnológicos. E essa política se concretiza muito mais na iniciativa privada do que nas instituições públicas, já que na expansão do ensino superior nos últimos anos, as instituições públicas não acompanharam o crescimento e as privadas tomaram espaço”, diz Ana Margarida.



De acordo com informações do Observatório de Técnicos em Saúde, que faz parte da Rede de Observatório de Recursos Humanos em Saúde e é desenvolvido pela EPSJV, em 2006, o setor privado concentrava 94% das vagas dos cursos tecnológicos na área de Saúde. Isso se deve ao fato de que entre 2000 e 2006 houve um crescimento de 5.800% no número de vagas do setor privado, enquanto no setor público, a ampliação foi de 404%.



Para os próximos anos, a tendência é que o número de cursos tecnológicos em todas as áreas em instituições públicas seja ampliado devido à criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, que terão 30% de suas vagas reservadas aos cursos superiores de tecnologia, além da expansão da rede de escolas técnicas federais que, até o fim de 2010, deve contar com 354 unidades.





Regulamentação polêmica





Com o crescimento dos cursos tecnológicos, amplia-se também a discussão em torno da regulamentação profissional dos tecnólogos. Como esses cursos ainda não são regulamentados, alguns conselhos, como o de Enfermagem, não reconhecem profissionalmente os tecnólogos e alguns concursos públicos não os aceitam como profissionais de nível superior. “Esses profissionais não têm inserção garantida no mercado de trabalho e, em alguns setores não são reconhecidos profissionalmente. Alguns conselhos têm posições favoráveis aos tecnólogos, mas nenhum ainda os reconheceu oficialmente”, observa Ana Margarida.



Os cursos tecnológicos são de curta duração e se caracterizam por abordarem mais as questões tecnológicas. Segundo o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE/CP nº 29/2002), que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais no Nível de Tecnólogo, este profissional está apto a utilizar corretamente as tecnologias de sua área, desenvolver ou adaptar essas tecnologias em novas situações profissionais, entender as implicações daí decorrentes e de suas relações com o processo produtivo, as pessoas e a sociedade. O desenvolvimento tecnológico prevê a capacidade de desenvolver pesquisas, planejar, administrar e desenvolver a gestão de processos de produção e serviços.