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Encerramento de disciplina promove debate sobre comunicação audiovisual

No último dia 24, foi realizada, no auditório da EPSJV, a aula de encerramento da disciplina ‘Comunicação e Saúde’, cursada pelos alunos do 2o ano do Curso Técnico de Gestão em Serviços de Saúde. O evento, que contou com a parceria do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica da Fiocruz (Icict), contou com a participação de três Organizações não-governamentais (ONGs) que buscam levar os meios audiovisuais a comunidades de baixa renda. Os representantes de Nós do Morro, Observatório de Favelas e Cinema Nosso exibiram filmes de temáticas diversas e discutiram, entre outros assuntos, a importância de expandir os conhecimentos cinematográficos - práticos e teóricos - nas periferias.

‘Picolé Pintinho e Pipa’, produzido pelo grupo Nós no Morro, mostra a brincadeira de um grupo de crianças correndo atrás do carro que troca garrafas e utensílios domésticos por picolés, pintinhos e pipas. “Eu corri muito atrás desse carro quando era criança. O nosso objetivo era mostrar esse elemento que fez parte da vida de muita gente. Sobre a cena do alcoolismo, não foi nossa intenção, mas a cena acabou ficando. É bom porque choca. Além disso, é um tema que deve ser mostrado”, explicou Sheila de Castro, nascida e criada no Morro do Vidigal, referindo-se a um trecho do filme em que as crianças relacionam as garrafas ao alcoolismo do pai de um colega.

Márcio Blanco, coordenador de audiovisual do Observatório de Favelas, apresentou o filme ‘Feira da Teixeira’, sobre feirão movimentado evento que ocorre nos finais de semana na Rua Teixeira Ribeiro e recebe tanto moradores da Maré quanto visitantes de outras partes do Rio. A diversidade de produtos é o grande atrativo da feira, que já se tornou um marco para a comunidade.

‘Vida Nova com Favela’ foi o vídeo apresentado pelo Cinema Nosso. Com a colaboração dos depoimentos de especialistas e moradores de favelas, o vídeo expõe, em tom crítico, as belezas e as mazelas das comunidades. O título do filme é uma alusão à campanha do Governo Militar, que tinha como intuito a remoção dos moradores para acabar com as favelas.

Após fazer uma breve explanação dos trabalhos desenvolvidos pelas ONGs, os três convidados trataram de temas como as dificuldades de se fazer cinema no Brasil, em função da pouca verba disponível, e a escolha do enredo dos filmes, que muitas vezes são ligados a violências ou carências devido à realidade dos jovens que os produzem. Também foi debatido o papel das organizações não-governamentais na sociedade. “As ONGs são vistas como locais que tiram o jovem do tráfico e colocam na escola. Não é verdade. A nossa principal preocupação é levar informação”, disse Sheila. Para Márcio, um tema fundamental que deve ser discutido é a democratização da comunicação. “Não se vê a periferia atuando na área profissional da comunicação. Ainda é preciso lutar muito pelos direitos das pessoas se comunicarem e colocarem suas visões de mundo”, opinou.

Ao longo do curso, os alunos foram incentivados a pensar a comunicação não somente como uma ferramenta para a saúde, mas também como um campo de conhecimento importante para a promoção social. Assim, buscou-se refletir sobre a saúde de maneira ampla, englobando questões como qualidade de vida, cidadania, relações familiares e cotidianas.