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Estado, sociedade e formação profissional no SUS

Discussões sobre globalização, relação entre público e privado, democracia, trabalho e educação marcam Seminário de comemoração dos 20 anos de Sistema Único. 


A última palestra do Seminário de Trabalho ‘Estado, sociedade e formação profissional em saúde: contradições e desafios em 20 anos de SUS’ teve como tema central a ‘Relação Trabalho e Educação  na Saúde’. A mesa contou com a presença de Isabel Brasil, atual vice-diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Escola, e Lúcia Neves, professora aposentada da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e professora-pesquisadora da EPSJV.





Lúcia: Educação e sua função em um Estado do tipo gerencial





Lucia NevesLúcia Neves elegeu o tema ‘A Política Educacional Brasileira na ‘Sociedade do Conhecimento”. A professora utilizou como norte da sua palestra reflexões presentes no livro 'O Mercado do Conhecimento e o Conhecimento para o Mercado', do qual é autora, em parceria com a também professora-pesquisadora da Escola, Marcela Pronko. A partir de conceitos como o de intelectual urbano, cunhado pelo filósofo italiano Antonio Gramsci, Lúcia definiu as bases do que ela chama de ‘pedagogia da hegemonia’, um processo de educação moldado para formar sujeitos apaziguadores de conflitos, que prepara dirigentes para o reformismo. “O novo intelectual urbano seria o modelo de um tipo de sociedade sem antagonismos de classe, na qual atue um Estado do tipo gerencial. Ele é simultaneamente um tipo empreendedor, para a economia, e colaborador, para a manutenção de uma sociedade claramente inspirada no modelo de ocidentalização norte-americana”, definiu. Em contraposição a essa educação conformista, estaria o projeto de uma educação que alimentasse a potência contestadora dos sujeitos.





Outro conceito-chave para Lucia é o de ’sociedade do conhecimento’, que seria caracterizada por uma constante aquisição de saberes importados das “potências de primeiro mundo”, aliados ao fomento de uma tecnologia local. A união desses dois tipos de conhecimento fundamentaria um sistema nacional de inovação, necessariamente a serviço da produtividade e da competição. Nesse processo, Lúcia sublinha a atuação localista do Estado, que se aproxima de populações precarizadas com o intuito de apassivá-las. “Um exemplo que eu tenho dado é de uma tapioqueira pernambucana que eu conheço que, ao se associar à uma instituição como o Sebrae, não tem nenhuma melhora real nas suas condições de vida e de trabalho. A mudança se dá no campo subjetivo, pois, para ela, usar uma toquinha com o símbolo do Sebrae define um certo status e lhe confere dignidade”, disse.





Isabel: Educação como recurso produtivo





Isabel Brasilno campo da educação, a professora Isabel Brasil conduziu sua palestra com o tema ’A Educação dos Trabalhadores da Saúde sob a égide da produtividade’. De acordo com sua argumentação, a educação se caracterizaria por uma luta entre projetos distintos de sociedade: um emancipador e outro adequador. 



Na visão adequadora, a formação do trabalhador seria diretamente ligada ao trabalho produtivo. Também segundo essa concepção as pessoas se transmutariam em capital: “É a teoria do capital humano, que gerou o termo recursos humanos. Ela entende que a educação é um recurso de empregabilidade para o trabalhador. A famosa máxima capitalista que diz que ‘o indivíduo é responsável pelo seu próprio sucesso’ vem daí. Assim, as recorrentes qualificações, no sentido de um saber voltado para a produção de lucro, seriam necessárias para a manutenção do emprego, ou seja, uma educação contínua sob a égide do mercado”, explicou.











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