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Estudantes da América Latina dizem qual é a escola ideal

Parlamento Juvenil do Mercosul apresenta proposta de Ensino Médio elaborada por 126 jovens do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Colômbia.
Raquel Júnia - EPSJV/Fiocruz | 21/10/2010 09h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h46

A escola de ensino médio deve ter uma boa infraestrutura; ser pública, laica e gratuita; ter professores qualificados; um currículo mais atraente e incluir toda a juventude, considerando as diferenças étnicas e de gênero. Essa é a síntese da proposta que 126 jovens do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Colômbia apresentaram ao Parlamento do Mercosul (Parlasul), no último dia 18 de outubro, sobre o ensino médio que consideram ideal. A sessão do parlamento aconteceu em Montevidéu, no Uruguai, onde os estudantes também ficaram reunidos durante três dias para redigirem o documento apresentado aos parlamentares.

Os 126 alunos foram representantes dos países no Parlamento Juvenil do Mercosul, iniciativa que visa garantir um espaço de participação da juventude sul-americana no Parlasul. Do Brasil, participaram 26 estudantes de escolas públicas, eleitos pelos próprios jovens em uma etapa nacional. A carta apresentada no dia 18 foi lida em português e em espanhol para os parlamentares e outras autoridades, como o presidente do Uruguai, José Mujica, e o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante a abertura da 26ª sessão plenária do parlamento. A declaração dos jovens será anexada à ata de abertura da sessão.

De acordo com Ana Beatriz Cabral, diretora substituta da Diretoria de concepções e orientações curriculares para a educação básica do Ministério da Educação (MEC), as demandas dos jovens da América do Sul são semelhantes. Ela explica que cada país elaborou um documento nacional, que, posteriormente, foi discutido entre os jovens com o objetivo de se fazer uma única declaração. "A temática era O Ensino Médio que queremos. Então, eles sistematizaram a aspiração comum dos jovens dos países e depois completaram o documento com aspectos específicos, porque existem diferenças, mas existem muito mais semelhanças", comenta.

Segundo a diretora, os jovens demonstraram que pensam em um ensino médio que os forme tanto para o trabalho quanto para o acesso ao ensino superior. "O jovem que vai para o ensino médio é um jovem que quer trabalhar e estudar. Assim, o formato pensado por eles é de um currículo que possa garantir essas duas dimensões integradas", diz.

Integração

A etapa nacional realizada em Brasília, no mês de setembro, reuniu 100 estudantes de todos os estados brasileiros. A maioria deles foi selecionada pelas secretarias de educação estaduais com base em desempenho escolar, elaboração de propostas de políticas públicas e histórico de participação em movimentos e projetos sociais. Outros 19 estudantes foram escolhidos pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para representar a diversidade - indígenas, quilombolas, jovens de comunidades populares, da Amazônia e do Semi-árido. Os jovens elaboraram o documento que serviu de guia para os representantes brasileiros em Montevidéu.  O encontro nacional foi coordenado pelo MEC, com o apoio do Unicef, do Observatório da Juventude da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Observatório Jovem da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Muitos dos jovens escolhidos para representar o Brasil no Parlasul viajaram para fora do país pela primeira vez. "Os jovens brasileiros tiveram condições de se integrar a outras culturas, que, apesar de serem próximas, têm peculiaridades. Além disso, tiveram contato com outra língua, já que todos os países falam espanhol, com exceção do nosso. Eles foram maduros para discutir temas como a inclusão e a educação sexual", relata Ana Beatriz.

Institucionalização do Parlamento Juvenil

O Parlamento Juvenil do Mercosul tem a mesma composição do Parlasul, que reúne 126 paramentares dos países membros. De acordo com a Agência de Notícias do Senado, os jovens também solicitaram que o parlamento juvenil seja institucionalizado, assim como o Parlasul. A ideia é que os jovens se reúnam a cada dois anos, rotativamente, nos países membros do parlamento.