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Formação de técnicos em saúde no Brasil e no Mercosul

Representantes dos países membros apresentam suas experiências, avanços e dificuldades para a formação técnica em saúde. Veja as principais discussões do Seminário Internacional que debateu o tema.


A tarde do segundo dia (25) do Seminário Formação de Trabalhadores Técnicos em Saúde no Brasil e no Mercosul foi dividida em três eixos, seguidos de debates após as apresentações. O terceiro eixo teve como tema 'Modelos normativos' e contou com a apresentação de Ondina Canuto, da Escola de Saúde Pública do Ceará, Brasil, Cesar Alfaro Redondo, da Costar Rica, José Reginaldo, da Escola de Formação em Saúde da Família de Sobral, Brasil, e Roxana Cordoba, da bolívia.





Discutindo o currículo como fio condutor da formação técnica na área de saúde





Mesa Eixo 3Discutir os referenciais que orientarão a análise da prática de construção e desenvolvimento de Currículo dos Cursos Técnicos na área de saúde. Esse é um dos objetivos do estudo desenvolvido na Escola de Saúde Pública do Estado do Ceará sobre o qual os presentes no Seminário  puderam debater, durante o eixo 3, com a responsável pelo projeto, a doutoranda Ondina Canuto.

Em sua apresentação, cujo tema foi ‘Discutindo o currículo como fio condutor da formação técnica na área da saúde’, Ondina defendeu que uma das prioridades nas discussões a cerca da formação dos técnicos em saúde é perceber o currículo, como produção coletiva e social. “Para isso, é preciso antes de tudo ver como se dá a construção de conteúdos de ensino e materiais didáticos, que se articulam com as necessidades de formação profissional demandadas pelo SUS. É critico.”, comentou. O propósito, segundo ela, é relacionar as áreas de saúde e educação, tendo em vista que o mundo da educação deve estar associado ao mundo da prática.





Um ponto tão importante quanto polêmico ligado ao currículo remete à pedagogia das competências. “Sabemos que essa é uma questão que aponta para vários caminhos. Existe a discussão de competências orientada pelos Estados Unidos, que é associada unicamente à produção. Na Europa, há uma posição humanista e ainda existe a proposta marxista sobre o tema, que critica os dois modelos”, explicou. De acordo com Ondina, a teoria crítica da educação “precisa fazer parte do debate, pois é a partir dela que construiremos um currículo com referências progressistas ao mesmo tempo que desconstruiremos a visão do currículo tradicional, que, no Brasil, serviu como instrumento de dominação da ditadura’, disse.





Técnicos en salud: formación en Costa Rica y perspectivas centroamericanas



Com uma população de pouco mais de 4 milhões de pessoas, três regiões geográficas e culturas distintas, a Costa Rica tem particularidades no que diz respeito à formação de técnicos em Saúde em relação aos outros países do Mercosul. Essa é opinião de César Alfaro Redondo, da Costa Rica, que esteve no terceiro bloco do evento. “O nosso país tem uma área ocupada com regiões de montanhas e cordilheiras, o que caracteriza diferentes culturas. Isso de certa forma nos deixa com particularidades na área de saúde também”, disse Alfaro, no início de sua apresentação.



Ele representou a Escuela de Tecnologias en Salud da Costa Rica, que integra o Ministério da Saúde e Esportes. A instituição é voltada para a formação de técnicos de saúde e auxiliares, cursos abertos na década de 1980. O pesquisador contou que de lá para cá, a revisão curricular vem sendo discutida em vários momentos. “Entre os debates, nesse sentido, apareceram os cursos que poderiam passar de técnicos ao nível superior. Saúde Ambiental e terapia física foram alguns dos que passaram pela mudança”, contou.



Ele apontou que as propostas de alteração ainda fazem parte do debate entre os profissionais e intelectuais que atuam na área de saúde. “Estudamos quais cursos poderiam se tornar nível superior, qual o tronco comum entre os cursos e que posteriormente se tornariam especialidades etc. Mas, sobretudo, debatemos qual o componente básico, ético, que deve permear o técnico em saúde.



Alfaro disse ainda que seu país, que vive muito do turismo, em função da sua beleza natural, sofre com a falta de recursos em saúde. Não por acaso, contou o palestrante, representantes da Escuela de Tecnologias en Salud da Costa Rica foram conhecer a experiência de Cuba, outro país que tem boa parte de seus recursos oriundos do turismo, mas que é referência em saúde pública.





Técnicos em Sistemas de Informação em Saúde: uma estratégia de socialização da epidemiologia





'Técnicos em Sistemas de Informação em Saúde: uma estratégia de socialização da epidemiologia' foi o tema da exposição de José Reginaldo Feijão Parente, da Escola de Formação em Saúde da Família de Sobral / Brasil. “Estamos aqui para debater um projeto de extrema importância,” disse.



Para Parente, sua contribuição se dá na proposta de “construir a equidade na gestão e na formação dos trabalhadores em Saúde”, a partir de sua experiência na Escola de Sobral. A pesquisa a qual ele se refere analisou a possibilidade de construção de um programa de estudo para a formação de nível técnico em informação em Saúde. A grande dificuldade para o trabalho, contou, tem sido o desencontro de informações e interesses conflitantes existentes.



Ele destacou a importância de se debater exaustivamente sobre qual abordagem de competências deve ser utilizada para a formação dos técnicos em saúde. Assim como os demais representantes da mesa, Parente defendeu o perfil crítico, reflexivo com autonomia que venha contribuir com a qualificação do SUS, em resposta ao caráter tecnicista valorizado por muitas instituições.



A formação dos técnicos em saúde na Escola Técnica de Saúde Boliviano-japonesa de Cooperação Andina

 



A organização dos técnicos em saúde da Bolívia foi um dos pontos altos da palestra de Roxana Córdoba, representando a Escuela Técnica de Salud Boliviano-Japonesa de Cooperación Andina. Segundo ela, os trabalhadores desse nível de formação têm reivindicado, sobretudo, a regulamentação da profissão, em busca de mais reconhecimento.



Roxana falou da importância do Seminário para criar um laço entre as organizações dos países membros do Mercosul que lutam pela regulamentação dos técnicos em saúde. De acordo com ela, a principal bandeira em prol desses profissionais deve ser a discussão em torno de uma proposta concreta em oposição aos princípios do Recursos Humanos que prejudicam a formação desses trabalhadores. Em sua opinião, a formação deve vir atrelada a uma educação libertadora que relacione o conhecimento com a história de vida, a política e cultura de cada nação, priorizando, para isso, a visão crítica.



A palestrante explicou que o trabalho na Escuela Técnica de Salud Boliviano-Japonesa de Cooperación Andina tem sido não só o de apoiar o ensino crítico reflexivo, mas também de investir na multidisciplinaridade. “Acreditamos que os técnicos em saúde devem sair do isolamento para desempenhar ações em conjunto com outras áreas.”