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Na alça de mira, a filosofia e a sociologia

Professores e associações científicas criticam resultados de pesquisa do Ipea que relaciona obrigatoriedade da filosofia e da sociologia com queda nas notas de matemática no Enem. Para críticos, estudo é tentativa de conferir status científico à desqualificação das disciplinas de ciências humanas no contexto da reforma do ensino médio e da BNCC
André Antunes - EPSJV/Fiocruz | 20/04/2018 09h14 - Atualizado em 01/07/2022 09h45
Foto: Maycon Gomes

Foi com uma mistura de espanto e preocupação que professores e associações científicas das áreas de sociologia e filosofia leram a notícia publicada pelo jornal Folha de São Paulo na segunda-feira (16). Com o título 'Filosofia e sociologia obrigatórias derrubam notas em matemática', a matéria traz a prévia de um estudo ainda não divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Elaborado pelos economistas Adolfo Sachsida e Thaís Waideman Niquito, a pesquisa correlaciona a introdução da obrigatoriedade dessas disciplinas no currículo do ensino médio a partir da  lei 11.684, de 2008, com uma queda nas notas dos estudantes que prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entre 2009 e 2012. Segundo o estudo, a queda observada no período atingiu não só as notas de matemática, mas também as de ciências humanas e linguagens, e se deu tanto entre alunos da rede privada quanto da pública. No entanto, ela foi maior entre os alunos desta última residentes em municípios com baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH).

Na média nacional, a queda nas notas de matemática foi de 1,1%, linguagens e códigos 0,6% e ciências humanas 0,5%. Já entre os alunos da rede pública de localidades com IDH baixo, o maior baque  foi nas notas de redação (11,8%),  matemática (8,8%) e linguagens (7,7%). A hipótese defendida pelos autores é de que a introdução da filosofia e da sociologia no currículo foi a responsável pela queda no rendimentos dos estudantes, ao reduzir o tempo dedicado ao ensino das demais disciplinas.

Os resultados da pesquisa geraram desconfiança. Primeiro por ela ter sido divulgada poucas semanas após a entrega da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do ensino médio, em que apenas as disciplinas de matemática e português apareceram como obrigatórias nos três anos dessa etapa da educação básica, com as demais aparecendo de forma difusa, divididas em áreas de conhecimento.

Em segundo lugar pela ligação de um dos autores do estudo, o pesquisador do Ipea Adolfo Sachsida, com o candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL), que em diversas ocasiões demonstrou apoio ao movimento Escola sem Partido, principal difusor de uma agenda conservadora para a educação brasileira, e que tem entre suas bandeiras o combate a uma suposta “doutrinação de esquerda” dos alunos pelos professores e ao ensino de uma suposta “ideologia de gênero” nas escolas. 


Conclusão arbitrária?

Em nota, a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) questionou os autores da pesquisa e a própria reportagem da Folha, ressaltando a existência de pesquisas que demonstram a relevância da disciplina na formação dos estudantes e na consolidação de conceitos de outras matérias e componentes curriculares. “Há no campo da sociologia, da filosofia e da própria matemática estudos, pesquisas e reflexões que também foram ignorados para a relação estabelecida entre desempenho em uma disciplina por influência de outras disciplinas”, diz a nota da SBS.

A entidade argumenta ainda que, no período analisado, o Enem passou por uma série de mudanças que deveriam ter sido levadas em consideração. Em 2009, por exemplo, a prova, que até então era realizada em um dia, com os estudantes respondendo a 63 questões interdisciplinares, passou a ser realizada em dois, com 180 questões relativas a quatro áreas do conhecimento. “Note-se que essas mudanças podem ter afetado o desempenho dos estudantes”, diz a SBS na nota.

A entidade pontua ainda o crescimento no número de inscritos no Exame que, ao longo dos anos, começou a ser usado como critério para concessões de bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni) do governo federal e passou a ser aceito como forma de ingresso nas universidades federais. “A gente vem investigando questões da redação, das ciências humanas, e não temos coragem de fazer afirmações assim. É preciso pelo menos testar todas as hipóteses. Para fazer afirmações de que uma disciplina interfere na outra, ou qual o desempenho dos alunos, há que se ter uma pesquisa de trajetória desse aluno –  poucas são feitas no Brasil, e que não é o caso dessa pesquisa”, argumenta Ileizi Fiorelli, coordenadora do Comitê do Ensino Médio da SBS.

Christian Lindberg, integrante do grupo de trabalho 'Filosofar e Ensinar a Filosofar', da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (Anpof) e coordenador-geral do Encontro Anpof Ensino Médio, lembra ainda de uma pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) divulgada em 2015 que identificou que 33,5% dos professores de matemática do ensino médio não têm formação na área. Segundo o estudo, esse um terço era composto de pedagogos, biólogos, físicos e químicos. “Tem uma questão aí – e o governo sabe disso há muito tempo – que é o déficit de formação em todas as áreas. Na filosofia mesmo esse número chega a 81%”, destaca.

Ele lembra ainda que a matemática, ao contrário da filosofia, é obrigatória também no ensino fundamental. “A comunidade acadêmica da matemática sempre afirmou que o ensino da disciplina é um gargalo da educação brasileira, e essa deficiência vem desde a primeira série do ensino fundamental e se reflete até na universidade. Há pesquisas que identificam que a disciplina de cálculo 1, que é comum a praticamente todas as graduações da área de exatas, é a matéria que mais reprova no país”, afirma Lindberg. “Claramente isso não é um problema da filosofia”, conclui.

Professores-pesquisadores da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) das três áreas também questionam os resultados da pesquisa, bem como a maneira com que eles foram divulgados pela Folha.

Murilo Vilaça, professor de filosofia da instituição, critica o fato de uma queda de 1,1% na média de matemática dos estudantes ter sido tratada como uma “derrubada” das notas pela jornal. “Como que você sustenta que 1,1% é uma queda que pode ser denominada de ‘derrubada’? Se a média fosse 7 em matemática, 1% seria 0,07%. Não chega nem a 0,1%. O que isso significa em termos da qualidade do ensino da matemática?”, aponta. Murilo suspeita que há um viés na conclusão da pesquisa do Ipea. “Eu poderia até dizer que um dos fatores de queda da nota se deve à diminuição da carga horária para essas matérias, mas daí a concluir que o ensino de filosofia e sociologia prejudicam o ensino de matemática é uma ponte que eu preciso criar”, argumenta.

Ele lembra que a pesquisa também identificou uma queda nas notas de ciências humanas. “Então a carga horária é insuficiente também para que o aluno aprenda filosofia. A carga horária é um problema não só pra matemática. Há uma falsa concorrência entre as disciplinas”. Para Vilaça, o recorte temporal utilizado, de 2009 a 2012, ou seja, apenas três anos após a entrada em vigor da lei 11.684, é insuficiente para chegar a uma conclusão como a que chegaram os pesquisadores do Ipea. “O estudo contemplou um período curtíssimo”, observa.

Felipe Granato, professor de matemática da EPSJV/Fiocruz, concorda. “Estamos ruins em matemática. Isso é fato. Agora, até que ponto isso tem a ver com a obrigatoriedade da filosofia e da sociologia? Acho um salto muito grande. É uma conclusão bem complicada de se fazer”,afirma. Para ele, a hierarquização do conhecimento implícita na pesquisa do Ipea é problemática. “A matemática não pode estar desconectada da filosofia. Tanto a matemática, quanto a filosofia e a sociologia são tentativas de entender o mundo a nossa volta, e não há como dizer que uma é mais importante do que a outra”, pontua.

O professor defende que trabalhar as três disciplinas de forma conjunta pode contribuir para ampliar o interesse dos alunos e também a qualidade da formação. “Os sólidos de Platão, por exemplo, que é um conteúdo do ensino médio que eu posso trazer os sólidos e discutir as partes matemáticas dele. Mas eu prefiro pegar um artigo, discutir qual era o papel desses sólidos na Antiguidade, por exemplo. A historicidade do conhecimento é importante”, argumenta Granato. Murilo Vilaça concorda. “Você pode pegar um bom professor de filosofia que tem um conhecimento bom de lógica, e ele pode, em conjunto com o professor de matemática, favorecer o raciocínio lógico e trazer benefícios não só pra matemática, mas também para a filosofia. É importante numa visão de formação humana trazer não somente o beneficio para essas disciplinas, mas para a vida, para a formação do indivíduo”, argumenta.

A concepção de matemática assumida pelo estudo do Ipea também é alvo de críticas.  “Que matemática é essa que se quer ensinar? Se está desconectada das ciências humanas então é só para operar, fazer o básico, não para criar um senso crítico. Desconectar a matemática da filosofia e sociologia é isso: é tratar a matemática de maneira técnica, fria, sem entender qual é a relação dela com o mundo à sua volta”, critica Granato, e completa: “No meu trabalho isso não faz sentido algum”.

Já Christian Lindberg critica a justificativa apresentada na reportagem da Folha para a realização da pesquisa por Adolfo Sachsida, que afirmou que um “incentivo” para que quisesse pesquisar o tema foi “a grande carga de tarefas escolares de suas filhas”. “Esse é um fator altamente subjetivo, pessoal. Como é possível usar um instituto como o Ipea pra fazer esse tipo de investigação? Ainda mais com o perfil do Sachsida, de simpatizante do Escola sem Partido. Tudo isso pode ser colocado como questionamento do resultado da pesquisa”, defende.  


Ipea responde

Questionado pela reportagem, o Ipea respondeu, através de sua assessoria de comunicação, que as “opiniões” emitidas no estudo são de exclusiva e inteira responsabilidade dos autores, “não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada”. E acrescentou: “A vida pessoal e as preferências políticas do pesquisador Adolfo Sachsida são liberdades individuais e não dizem respeito à instituição”.

Sachsida, por sua vez, se colocou à disposição para esclarecer pontos da pesquisa, e respondeu por email a questões enviadas pela reportagem. Ele garantiu que as questões levantadas pelas fontes ouvidos para essa reportagem foram levados em consideração em sua pesquisa. Sachsida argumentou que a metodologia adotada “é mundialmente reconhecida por sua aplicabilidade no contexto de avaliação de impacto”. Questionado sobre se a redução de 1,1% na média dos estudantes no Enem identificada na pesquisa justificaria uma revisão da lei 11.684, Sachsida respondeu que “a inclusão de disciplinas num currículo com carga horária limitada necessariamente diminui o tempo alocado anteriormente a cada disciplina. Tal redução tem efeitos diversos em diferentes grupos socioeconômicos. O que nosso estudo mostra é que tal política pública teve efeitos negativos mais fortes sobre alunos de escolas públicas em localidades pouco desenvolvidas. Dessa maneira, creio que esse é um importante resultado para justificar uma ampla discussão sobre os efeitos da Lei 11.684”.

Ileizi Fiorelli, no entanto, discorda, apontando que a matemática não sofreu diminuição de horas-aulas ao longo dos anos. “Ela é a disciplina que tem maior carga horário desde o ensino fundamental até o ensino médio. Então se ela tivesse sofrido diminuição de carga horária talvez caberia uma investigação qualitativa, porque também só isso não explicaria automaticamente a piora ou melhora do desempenho dos estudantes em qualquer disciplina”, aponta.

Já com relação às críticas que apontam arbitrariedade da pesquisa em atribuir a queda nas notas à introdução da filosofia e da sociologia nos currículos, dado que a própria pesquisa identificou piora em todas as áreas avaliadas pelo Enem, além das várias questões pontuadas pelos ouvidos pelo Portal EPSJV que ressaltam a complexidade da questão, como as mudanças no Enem e a má qualidade da formação docente no país, Sachsida argumentou que o estudo “não atribui o fraco desempenho em matemática à lei 11.684. O desempenho dos alunos brasileiros é fraco em matemática por outros motivos, e nossa pesquisa não analisou esse problema. O que nosso estudo faz é verificar que a inclusão das disciplinas filosofia e sociologia afetou negativamente o desempenho dos alunos em matemática, e essa queda foi mais significativa para alunos da rede pública de ensino que moram em localidades com baixo desenvolvimento. Em outras palavras, a lei 11.684 piorou o desempenho dos alunos em matemática, mas esse desempenho já era baixo por outros motivos”.

Sachsida defendeu ainda que o recorte temporal da pesquisa, de três anos, não é insuficiente para avaliar o impacto de uma política pública como a que introduziu a sociologia e a filosofia de forma obrigatória no currículo do ensino médio a partir de 2008. “Da maneira como a lei foi introduzida, ela já produz efeitos há 10 anos. Para efeitos de comparação, outras políticas públicas, tal como a desoneração de folha de pagamentos, foi aprovada em 2011 e as avaliações começaram já no ano seguinte”, argumentou.

Contexto preocupante

Marcello Coutinho, professor-pesquisador da EPSJV que ministra as aulas de sociologia para o ensino médio, critica o que entende ser um preconceito e uma tentativa de desqualificação sistemática das duas disciplinas, que têm aumentado no contexto atual, muito por influência de movimentos como o Escola sem Partido. “Eu diria que esse tipo de pesquisa reflete a tentativa, agora com status de ‘ciência’, de desqualificar a filosofia e a sociologia. É um sequestro intelectual, uma forma de cassar o pensamento político, de tentar formatar um discurso único entre os alunos. É uma postura antidemocrática – e não é à toa que está ligada a uma pessoa que é simpatizante do Escola sem Partido”, critica.

O movimento, segundo o professor, expressa um senso comum que tende a ver a sociologia como um campo de conhecimento próprio da esquerda, além do imaginário conservador que muitas vezes enxerga nas aulas da disciplina um espaço de “doutrinação ideológica” dos alunos por parte dos professores. O que, diz Coutinho, está longe de ser realidade. “Não dá pra falar de sociologia sem citar os autores que fundaram a sociologia e não necessariamente eles são todos de esquerda, marxistas, comunistas. Nunca deixei de falar de Conte, de Durkheim e nem de Weber”, lista.

Para ele, é a exclusão das disciplinas do ensino básico  que pode ser prejudicial para a formação dos estudantes. “Toda a reflexão dos movimentos sociais como um todo, inclusive LGBT e feministas, do movimento negro, passa por interpretações da realidade que são contribuições diretas da sociologia e da filosofia”, defende. E conclui: “A escola que formar um estudante muito bom em matemática, mas que é um ignorante nas questões sociais e políticas está prestando um desserviço”.

Murilo Vilaça acredita que a filosofia sofre do mesmo preconceito e defende que é infundada a visão conservadora que vê a disciplina como um reduto da esquerda “ideológica” e “doutrinadora”. “Não cabe à filosofia encaminhar o pensamento em um certo sentido. Cabe à filosofia apresentar os vários caminhos do pensamento, honestamente oferecendo para os alunos, na medida em que um tempo por semana permite, quais são os limites e as potencialidades de cada um deles”, defende.

O professor de filosofia acredita ainda que, no contexto social, econômico e político brasileiro, não é à toa que as duas disciplinas sejam alvo de ataques por parte de setores reacionários. “Desenvolver um pensamento crítico não dogmático pode ser uma coisa que dificilmente vai ser alcançada se não for por via de disciplinas como filosofia e sociologia. Mas o pensamento crítico não é uma prioridade no modelo de sociedade que está em curso. Então não há incoerência em querer suprimir essas disciplinas do campo da formação do ensino médio”, observa.

Para Felipe Granato, pensar o ensino da matemática descolado da filosofia, da sociologia, mas também das outras disciplinas não faz sentido. Até porque, lembra ele, boa parte do currículo de matemática do ensino médio foi desenvolvido por pensadores que eram, além de matemáticos, filósofos. “Vários matemáticos que são referência dos conteúdos da educação básica eram filósofos: Pitágoras e Platão são apenas dois exemplos”, lembra. Christian Lindberg, da Anpof, dá outro exemplo: “[René] Descartes, além de escrever o ‘penso, logo existo’ regulamentou o plano cartesiano, que é tão usado até hoje na cartografia, nas diversas áreas do conhecimento. Será que os autores dessa pesquisa sabem disso?”, questiona.

Já Ileizi Fiorelli, da Sociedade Brasileira de Sociologia, defende que a obrigatoriedade da disciplina no ensino médio responde a uma necessidade de democratização do conhecimento produzido na academia. Segundo ela, o sociólogo Florestan Fernandes, um dos maiores nomes da sociologia brasileira, era um dos que defendia, desde a década de 1950, a importância do ensino da disciplina na então escola secundária. Para Ileizi, a modernização da sociedade brasileira passa por uma apropriação também dos conteúdos das ciências sociais.

“E não só da sociologia, mas da antropologia, da ciência política, etc. É uma forma de propiciar uma formação mais rica, inclusive para aqueles que não vão continuar seus estudos. A gente precisa também pensar na educação básica como espaço onde se vá circular e socializar o que é produzido na academia”, argumenta Ileizi, e complementa: “A visão da SBS é que ao final da educação básica esse estudante tenha tido acesso não a menos áreas do conhecimento, mas a mais, inclusive pelo caráter de terminalidade que ela tem, uma vez que grande parte dos jovens não vão continuar seus estudos. Como esse cidadão vai participar de debates complexos com uma educação que vai lhe ensinar apenas a língua portuguesa e a matemática? É insuficiente”, ressalta.

Leia mais

O Ministério da Educação (MEC) entregou, na terça-feira (03/04), a versão final da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do ensino médio para análise do Conselho Nacional de Educação (CNE), que agora deverá ser discutida entre os conselheiros e debatida em audiências públicas. O documento está estruturado de uma maneira que vem causando polêmica entre educadores. Apenas as disciplinas de matemática e português serão obrigatórias nos três anos do ensino médio, com as demais aparecendo de forma “interdisciplinar” organizada por “competências” e “habilidades”, e divididas em três áreas de conhecimento: ciências humanas, ciências da natureza e linguagens e suas tecnologias. O documento também não detalha o que deverá ser ensinado nos itinerários formativos previstos na reforma do ensino médio, aprovada pela lei 3.415/17. A ideia, segundo representantes do MEC, é evitar o “engessamento” dos currículos e garantir mais autonomia aos estados. Para Celso Ferretti, pesquisador aposentado da Fundação Carlos Chagas e ex-professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a organização por competências e a ênfase em português e matemática apontam claramente o direcionamento pautado pelos interesses do setor empresarial para a educação: uma formação voltada para as necessidades do mercado de trabalho. Para Ferretti, a implementação da BNCC deve significar um empobrecimento da educação ofertada aos estudantes do ensino médio.
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