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Relatório destaca importância da Atenção Primária

Documento critica o modelo hospitalocêntrico e defende a criação de sistemas universais.
Juliana Chagas - EPSJV/Fiocruz | 23/10/2008 09h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47


A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, dia 14 deste mês, seu relatório anual sobre a saúde do planeta. No título, um pedido para todos os países: ‘Atenção Primária: agora mais do que nunca’. O documento relembra os 30 anos da Conferência Internacional de Alma-Ata, fazendo um grande balanço de como está o primeiro nível de atenção no mundo. “Esse informe recupera a perspectiva ambiciosa da atenção primária como o conjunto de valores e princípios que orientam o desenvolvimento dos sistemas de saúde. É uma oportunidade para identificar os problemas e reduzir as defasagens entre as aspirações e a realidade. Chegou a hora, hoje mais do que nunca, de fomentarmos o intercâmbio de experiências entre países e de traçarmos uma rota mais direta para garantir a saúde para todos”, escreveu Margaret Chan, diretora geral da OMS. 



Segundo o documento, as respostas dos países em relação à atenção primária têm sido “lentas e inadequadas”. Isso porque a maioria dos países tem um modelo de saúde fragmentado, comercial e focado num modelo hospitalocêntrico. “O foco nos hospitais e nos especialistas tem tornado o sistema ineficiente e desigual”, diz o relatório.



O estudo, porém, mostra que, na década de 1980, alguns países começaram a perceber os maus resultados e começaram a dar mais importância à atenção básica, o que melhorou os indicadores de saúde da população. Esse foi o caso da Estratégia Saúde da Família, que começou no Brasil em 1994: “Em muitos países desenvolvidos, o Programa de Atenção Primária dos anos 80 e 90 foi capaz de contribuir para um aprimoramento nos serviços prestados. Mais recentemente, os países em desenvolvimento, como o Chile e sua Atención Primaria de Salud, o Brasil e seu Saúde da Família e a Tailândia com a cobertura universal têm tido resultados encorajadores: melhora dos indicadores combinada com aumento da satisfação dos cidadãos”. Em todos os casos, o sucesso dos programas de atenção primária se dá, principalmente, porque a cobertura nesses países é universal.



Quatro mudanças principais



Para que os países caminhem para uma Atenção à Saúde integral, igualitária e equânime, a OMS sugere quatro mudanças imediatas: reformas nos sistemas de saúde em prol de uma cobertura universal, reorganização dos serviços em função das necessidades dos cidadãos, elaboração de políticas públicas integradas em todos os setores e fortalecimento das intervenções de saúde pública transnacionais, além de uma reforma de liderança para que seja integradora, participativa e capaz de enfrentar a complexidade dos sistemas de saúde.





Relatório Mundial de Saúde 2008
(versão completa em inglês; versão reduzida em espanhol)