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Segundo IBGE, 29,4% dos alunos de nível técnico estão na saúde

Pesquisa divulgada no último dia 22 de maio mostra o perfil dos estudantes de ensino profissionalizante e educação de jovens e adultos no Brasil.
Luiza Ribeiro - EPSJV/Fiocruz | 28/05/2009 08h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h47


A área de saúde é a área mais procurada pelos estudantes brasileiros que fazem curso técnico. Estima-se que 29,4% deles estudem nessa área, que também é a carreira mais procurada pelas mulheres (46,1%). É o que mostra a pesquisa ‘Aspectos Complementares da Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional’, divulgada na última sexta-feira, dia 22 de maio, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).



A maioria faz cursos de qualificação profissional



De acordo com o levantamento, 22,4% da população com dez anos ou mais, que representam 35,6 milhões de pessoas, tinham concluído ou estavam fazendo algum curso de qualificação profissional, técnico ou tecnológico em 2007. Entre esses, 29,6 milhões já haviam concluído e cerca de 6 milhões ainda freqüentavam algum curso de educação profissional naquele momento. Desse total, 80,9% estavam no segmento da qualificação profissional, que segundo definição do IBGE, “propõem-se a qualificar o profissional para o trabalho, não tendo o objetivo de aumentar o seu nível de escolaridade”.



Os cursos técnicos de nível médio, onde o aluno estuda para qualificar-se e obtém diploma de nível técnico, por sua vez, são feitos por 17,6% dos estudantes. Dentre os alunos que cursavam alguma qualificação profissional, 45,1% optaram por cursos que não exigiam qualquer escolaridade.



As regiões com mais pessoas que cursavam uma qualificação profissional eram nordeste (14,5%) e sudeste (14,1%). Entre as que já haviam concluído, o sul apresentava maior percentual (69,8%), seguido do sudeste (63,5%). Já entre os cursos técnicos, as regiões sudeste (3,4%) e sul (3,1%), são as que possuem maior número de pessoas que estudavam em um curso técnico, assim como entre as que já haviam concluído (18,1% e 15,3%, respectivamente).



De acordo André Malhão, ex-diretor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV-Fiocruz), para que o número de pessoas com acesso a educação profissional aumente, especialmente a técnica, “é necessário o aumento da oferta de educação nos pressupostos da educação plena, por consequência, contrários a lógica de treinamento.”



Alunos de curso técnico possuem mais renda



Dentre os 29,6 milhões que já haviam concluído os cursos em 2007, 81,1% cursaram qualificação profissional e 18,2%, técnico de nível médio. Fizeram curso técnico concomitante ou integrado com o ensino médio 42,4% dos entrevistados, enquanto 55,4% deles fizeram no modo subseqüente, ou seja, após a conclusão do ensino médio. A pesquisa não traz dados independentes referentes às modalidades integrada e concomitante.A pesquisa observou que 28,9% dos estudantes de qualificação profissional no país tem renda per capita entre meio e um salário mínimo. Entre os que faziam curso técnico, 35,7% deles tinham renda entre um e dois salários mínimos.



Saúde é a área mais procurada entre os estudantes de curso técnico



Foi na área de saúde que 20,2% das 5,4 milhões de pessoas que já haviam concluído curso técnico se formaram. Em seguida, estão a indústria, (19,0%), gestão (18,0%) e informática (8,9%). Já em relação à qualificação profissional, o curso de qualificação com maior porcentagem de inscritos era o de informática, com 45,5% dos estudantes. A área de saúde (29,4%), seguida da indústria (22,0%) foi a mais procurada entre o 1 milhão de pessoas que frequentavam curso técnico em 2007. Os cursos de gestão (11,0%) e informática (12,9%) tinham percentagens menores. “ A maior procura pela área de saúde se deve principalmente a dois fatores: a ampliação da expectativa de vida, que pressupõe o aumento das ações nessa área e em segundo, pela entrada de tecnologia na saúde, não gera substituição da força de trabalho, mas o aumento da mesma.”, opina André.



Nas instituições particulares estão a maioria dos alunos (53,1%) que faziam curso técnico ou de qualificação profissional em 2007. Em seguida, estão as escolas públicas (22,4%) e do sistema “S”, com 20,6%. Porém, as escolas públicas estão mais presentes nos cursos técnicos de nível médio, atendendo 43,5% da população que já havia concluído os cursos e 36,7% dos que ainda estavam na escola em 2007. Para André, o predomínio das instituições particulares se deve a rapidez na formação, através da “lógica de treinamento, contrariando os pressupostos da educação plena, e por consequência, colidindo com os pressupostos do SUS.”



Pessoas desocupadas fizeram mais cursos que as ocupadas 



No ano de realização da pesquisa, das 141 milhões de brasileiros com mais de 15 anos, 90,8 milhões estavam empregadas. Desse total, cerca de 3,2 milhões frequentavam um curso de educação profissional em 2007, enquanto, entre as 8,1 milhões de pessoas desocupadas, 607 mil. Entre os que já haviam concluído um curso profissionalizante, 23,4% estavam empregados. Porém, entre os que não trabalhavam, o percentual era maior: 26,1%. O IBGE define como desocupadas pessoas desempregadas, porém, a procura de uma oportunidade.



Dentre os 9,4 milhões de pessoas que concluíram a qualificação profissional, mas nunca trabalharam na área de formação, 31,1% afirmaram não encontrar faltarem vagas na área e 30,4% não exerciam por terem encontrado outra oportunidade melhor de trabalho.



Mulheres são a maioria



As mulheres são a maioria dos estudantes, tanto nos cursos de qualificação profissional (55,7%) quanto nos técnicos (50,7%), sendo a área da saúde a mais procurada por elas (46,1%). Nas instituições de ensino público, o contingente de mulheres (653 mil ou 24,0% do total) foi quase o dobro dos homens (356 mil, ou 16,4% deles). Porém, nas instituições do sistema “S”, eles são a maioria (19,1%).



Educação de Jovens e Adultos 



Entre as 141 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais em 2007, cerca de 10 milhões de pessoas (7,7%), cursaram ou estavam cursando em 2007 um curso de educação de jovens e adultos (EJA). Entre essas, cerca de 3 milhões ainda estavam estudando. 



As regiões que apresentavam proporcionalmente mais pessoas que concluíram os cursos de EJA eram o Norte e Sul: 9,1% (938 mil) e 10,5% (2,2 milhões), respectivamente. A faixa etária com mais estudantes é entre os 30 e 39 anos, que representam 10,7% (200 mil pessoas) do total. A maioria delas 1.168 milhões (40%), cursava o segundo segmento do ensino fundamental. Em média, a renda per capita dos alunos de educação de jovens e adultos era até um quarto do salário mínimo.