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Paulo Freire e saúde pública: um caminho libertador

Nesse Repórter SUS, a professora-pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio das Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), Grasiele Nespoli, faz uma análise sobre os fundamentos da Educação Popular em Saúde. Mas o que o adoecimento da população e saúde pública têm a ver a educação popular de Paulo Freire?

Resumidamente, a educação popular é “muito importante” para a saúde pública, “porque valoriza os saberes e as práticas populares de cuidado”, afirma Nespoli.

Ao contrário, no cenário atual, são produzidas práticas que não valorizam todas as vidas, tornando-se imprescindível “construir caminhos coletivos que possam fortalecer a vida de todo o mundo”.

Para isso, Nespoli defende a educação popular como o primeiro e mais sensato caminho, porque “se preocupa em libertar as pessoas que estão mais vulneráveis das situações de vida precária, dos seus sofrimentos, porque a desigualdade e a pobreza são fatores que geram muitos problemas de saúde pública, adoecimento e morte”.

A pesquisadora explica que a o método de Paulo Freire compreende a educação enquanto um ato político comprometido com a transformação do mundo. Longe de propor uma educação doutrinadora, as ideias freirianas propõem que “ninguém educa ninguém, mas que os homens se educam entre si na relação com o mundo”. “O principal é não impor um determinado conhecimento sobre o outro, é promover o diálogo entre os saberes", ressalta.

Nesse sentido, Nespoli afirma que a educação popular reconhece todos os seres humanos como sujeitos de conhecimento, uma vez que todos possuem algum saber: “os saberes que derivam das experiências de vida, de trabalho, nas relações comunitárias, familiares, na relação com as escolas, com os serviços de saúde”.

Ao lado da educação popular, que começa a se tornar um campo crescente desde a década de 1980 no Brasil, também caminha a promoção e a defesa da saúde pública enquanto um direito universal, como garante a Constituição Federal do país.

“A saúde não pode ser uma mercadoria. Não podemos permitir que somente quem tenha dinheiro possa ter acesso aos serviços de saúde. Mais do que isso, todos devem ter boas condições de vida. Um povo sem condições de vida vai adoecer e vai morrer", alerta.

Edição: Leandro Melito

Por: Maíra Mathias

Categoria(s):

Repórter SUS