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Comunicação popular na mobilização contra a Covid-19

Confira as reportagens produzidas em programa feito em parceria da Fiocruz com o Observatório de Favelas; trabalhadores da EPSJV participam de projeto
Juliana Passos - EPSJV/Fiocruz | 08/03/2023 16h49 - Atualizado em 09/03/2023 11h53
Foto: Ramon Vellasco com montagem de Maycon Gomes

A comunicação popular como ferramenta de mobilização social e autodeterminação. Foi com base nesses princípios que o projeto “Como se proteger do Coronavírus – Programa de Reportagem”, uma parceria entre o Observatório de Favelas (OF) e a Fiocruz, foi conduzido. O trabalho integra a proposta do OF contemplada na “Chamada Pública para Apoio a Ações Emergenciais de Enfrentamento à Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro” lançada pela Fiocruz, com apoio da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

A coordenadora de Comunicação Institucional do OF, Renata Oliveira, explica que o programa de reportagem está incluído no projeto e faz parte do compromisso da organização de combater as desigualdades e disputar narrativas sobre favelas e periferias a partir do paradigma da potência. “Produzimos e aplicamos uma metodologia que possibilitou o uso de tecnologias diversas, vivências e experiências coletivas de origem popular para fortalecer e visibilizar o trabalho de comunicadores em seus territórios e consolidar uma rede de apoio para o enfrentamento de situações de crises sanitárias, econômicas e comunicacionais, com as que vivenciamos muito intensamente na pandemia”, disse.

Para participarem dessa etapa foram selecionados cinco comunicadores populares de periferias de cidades da Baixada Fluminense e das zonas Norte e Oeste do município do Rio de Janeiro, a partir de uma chamada pública. Eles foram contemplados com uma bolsa-auxílio para participação no ciclo formativo e a produção das reportagens, que agora estão disponíveis no site do Observatório

Os temas foram escolhidos pelos participantes ao longo das 12 aulas do no curso, realizado entre setembro e novembro de 2022. O programa incluiu a divulgação científica, ética na pesquisa e reportagem, fotografia, audiovisual, estrutura da pauta, entrevista e produção textual. Com a coordenação do Observatório de Favelas, a formação contou com assessoria técnica de pesquisadores da Fiocruz e as aulas tiveram a participação de profissionais de diversas unidades da Fundação - Flávia Coelho Ribeiro e Juliana Passos, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV); Miguel Oliveira, da Casa de Oswaldo Cruz (COC); Luiz Felipe Stevanim e Ana Cláudia Peres, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP). Por parte do OF participaram Priscila Rodrigues, Gabrielle Araújo, Rosilene Milioti, Aruan Braga, Lino Teixeira e Ramón Vellasco. Os comunicadores tiveram aula ainda com Amanda Oliveira, da produtora Camisa Preta. 

Em uma das reportagens, Elaine Lopes fez um relato de como os Agentes Comunitários de Saúde se mobilizaram e encontraram estratégias para que os moradores da Maré, no Rio de Janeiro, completassem seu esquema vacinal. Já Priscila Barbosa abordou a questão da falta de apoio recebido por trabalhadoras domésticas.

Diante da alta mortalidade de homens negros durante a pandemia, Rudson Amorim trouxe, em sua reportagem, dados e depoimentos sobre a dificuldade de acesso aos serviços de saúde por parte dessa população. A importância das atividades culturais para a realização de ações humanitárias no bairro da Pavuna, no Rio de Janeiro, foi o tema de Ana Clara Xavier. E qual foi o impacto das ações policiais durante a pandemia? Em sua reportagem, Ana Paula Godoi fez os cálculos de quantas pessoas poderiam ter sido vacinadas em uma semana na Maré, se não houvesse essas operações.

“Atuar com comunicadores populares potencializa as vozes do território, a capacidade de mobilização social e de transformação política com base na autodeterminação da população. O projeto tem como foco a cultura e a linguagem local, estimulando a participação política e as potencialidades locais, o apoio social e o engajamento comunitário”, finaliza Maurício Monken, assessor técnico do projeto e professor-pesquisador da EPSJV.