Serviços 
O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras

EPSJV discute a integração entre ensino, pesquisa e cooperação

Trabalhadores da Escola debateram o tema no 3º Seminário Temático sobre o Projeto Político Institucional da EPSJV
Talita Rodrigues - EPSJV/Fiocruz | 06/10/2016 10h21 - Atualizado em 01/07/2022 09h46

Maycon GomesA integração entre o ensino, a pesquisa e a cooperação foi o tema do 3º Seminário Temático promovido pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) para discutir o Projeto Político Institucional (PPI) da instituição. As professoras Regina Henriques, sub-reitora de Extensão e Cultura da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), e Virgínia Fontes, da EPSJV e da Universidade Federal Fluminense (UFF), debateram o tema com trabalhadores da Escola.

Na EPSJV, a formação politécnica é construída pela articulação de três campos principais: trabalho, educação e saúde – via três eixos de atividades: ensino, pesquisa e cooperação. A pesquisa na EPSJV se consolidou em estreita relação com as atividades de ensino e as ações de cooperação acontecem nas esferas do ensino e da pesquisa.

Regina fez uma breve trajetória da integração entre o Ensino e a Pesquisa nas universidades e da inserção da universidade na sociedade, principalmente por meio das atividades de extensão universitária. “A ciência na universidade é considerada de ponta, mas de acesso a poucos. Cada vez mais a universidade é um espaço de elites, que trabalha para as elites. É preciso que a universidade olhe ao seu redor para que esse conhecimento seja aplicado na sociedade”, ressaltou ela.

A professora pontuou que, nas universidades, são os intelectuais que decidem o tipo de conhecimento que precisa ser desenvolvido e que essa postura acaba isolando a universidade da sociedade. “A formação de nível superior é definida por experts, mas com distanciamento do que é produzido pela sociedade”.

De acordo com a professora, a partir da década de 1940, as universidades passaram a buscar a intercessão entre a pesquisa e o processo de conhecimento, mas não de forma horizontal. “A universidade levou o conhecimento para o desenvolvimento das comunidades, mas a universidade faz a difusão de seus conhecimentos a partir de sua própria escolha”.

Nas décadas de 1970 e 1980, com o crescimento dos movimentos sociais, que lutavam por uma sociedade de direitos e pela redemocratização do país, esses movimentos ganharam força e conseguiram se expressar mais livremente nas universidades, principalmente nas áreas de extensão, repensando a relação da universidade com a sociedade. “Já na década de 1990, com neoliberalismo, houve um retrocesso nesse processo, que ressurgiu nos anos 2000 e ganhou força novamente”, observou Regina.

A professora destacou que, atualmente, algumas universidades conseguiram conquistar uma intercessão real entre ensino, pesquisa e extensão, mas em outras há uma grande disputa interna. “A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão ainda é uma utopia, é uma grande disputa nas universidades. O que a gente mais defende sobre a reflexão da extensão é que não é qualquer coisa que a gente possa chamar de extensão”, concluiu a sub-reitora.

Cooperação

Virgínia Fontes destacou que, nem sempre, a cooperação está nitidamente marcada nas ações da Escola Politécnica porque uma mesma ação de cooperação pode envolver diversos tipos de atividades. “A Escola desenvolve várias ações que associam ensino, pesquisa e cooperação. O mais importante é fazer o enfrentamento da verticalização, com a construção horizontal com os movimentos sociais nas instituições públicas”, disse ela.

A professora lembrou que a cooperação guarda diferenças com a extensão, mas que as duas ações são formas horizontais de construção coletiva que envolvem pesquisa, ensino e cooperação. “A intencionalidade dessa Escola é diferente da universidade e resulta em uma proposta de politecnia que tem lado na vida social. Não estamos aqui para formar mão de obra, mas para formar seres humanos. Mas a escola não vive fora do mundo, então não é fácil esse processo”, ressaltou Virgínia.

Como exemplo de cooperação realizada pela Escola, Virgínia citou a produção dos dicionários publicados pela EPSJV - Dicionário da Educação Profissional em Saúde e Dicionário da Educação do Campo -, que compreendem uma articulação entre docência, ensino e pesquisa. “Esses livros demandaram uma grande articulação de uma rede de docentes, que tinham uma interrogação em comum a partir da qual tinham que escrever os verbetes. Foi uma ação de cooperação direta entre diversas instituições”, lembrou a professora.

Já na área do Ensino, Virgínia destacou a realização do Curso de Especialização em Trabalho, Educação e Movimentos Sociais (pós-graduação), que foi uma articulação entre a EPSJV, universidades e os movimentos sociais para possibilitar a formação de militantes que atuam na Educação do Campo. “Nesse curso, ainda tivemos uma série de experiências novas como, por exemplo, a formação para orientação. Os professores do curso trouxeram seus orientandos das universidades para acompanhar a orientação dos estudantes da Especialização e, assim, aprender como se faz”, destacou ela. 

Para Virgínia, há alguns pontos principais a serem enfrentados como desafios para a articulação entre cooperação, ensino e pesquisa. “A formação permanente de quadros, a unidade na diversidade e a consolidação dos vínculos orgânicos e horizontais com os movimentos sociais são alguns dos desafios para essa articulação ser bem sucedida”, concluiu a professora.