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Marielle, presente!

Fórum Social Mundial realiza ato em protesto contra o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco
Ana Paula Evangelista - EPSJV/Fiocruz | 15/03/2018 18h22 - Atualizado em 01/07/2022 09h45

A programação da manhã de quinta-feira no Fórum Social Mundial, em Salvador, foi paralisada para a realização de uma manifestação de protesto, luto e homenagem à vereadora do Psol (RJ), Marielle Franco. Militante dos direitos sociais, Marielle foi morta à tiros na noite de quarta-feira (14/03), na Região Central do Rio de Janeiro. Além da vereadora, o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes, também foi baleado e morreu. Outra passageira, assessora de Marielle, foi atingida por estilhaços. A principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios é execução, mas para os manifestantes não há nenhuma dúvida: “querem calar a voz da mulher negra", gritavam os manifestantes durante a caminhada.

A manifestação começou às 10 da manhã e seguiu pelo Campus da Universidade Federal da Bahia (UFBA) até a praia de Ondina. Durante o caminho, palavras de ordem como “acabem com a Polícia Militar” e “Marielle vive” deram tom ao ato. Cerca de três mil pessoas participaram, com um público majoritariamente de mulheres muito emocionadas. “Essa é uma caminhada de dor e de revolta. Marielle está simbolizando nesse momento todos os retrocessos do Brasil. A morte do povo negro, a morte dos índios, a morte de quilombola, a morte de sem terra e a maneira autoritária desse governo. Infelizmente Marielle vai se tornar o símbolo dessa luta e ter esse momento no Fórum é fundamental para que o mundo veja o que está acontecendo aqui. Não estamos numa situação de normalidade nesse país. Não temos normalidade democrática, institucional, jurídica, vivemos numa insegurança constante. Mas essa insegurança é apenas para o povo pobre, não para a classe dominante. Marielle, uma lutadora dessa causa, que tinha coragem, ia a frente, denunciava, sucumbiu em razão dela”, afirmou a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann.

Cleide Coutinho, militante do Psol e coordenadora do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), lamentou a morte de Marielle e afirmou que é preciso luta e resistência para que outros casos como esse não se repitam. “É uma perda lamentável, é muita dor. Mas não vamos nos calar, não podemos admitir que outras ‘Marielles’ da vida venham morrer, temos que ir para luta ou nós seremos apenas estatísticas. Precisamos gritar para os quatro cantos do mundo, denunciar e fortalecer a  luta. Nós mulheres negras estamos morrendo a cada dia”, falou emocionada.

Gabriel Santos, do Teatro do Oprimido da Maré, comunidade carioca onde Marielle nasceu e cresceu, afirmou que a morte da vereadora é uma aviso sobre as consequências da intervenção militar no Rio de Janeiro. “A militarização do Rio é para matar a gente que é preto, para matar as mulheres, os jovens. A favela sangra todos os dias, muitas ‘Marielles” morrem. Marielle foi mais uma vítima desse Estado cruel. Precisamos derrubar esse Estado que mata meus irmãos, meus amigos e os poucos políticos que nos representam”, denunciou.

O ato foi encerrado por voltas as 14 horas e a programação do Fórum foi retomada em clima de luto e revolta.

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