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O petróleo em discussão na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

Debate com alunos do Programa de Educação de Jovens e Adultos de Manguinhos associa recursos petrolíferos e desenvolvimento sustentável
Raquel Júnia - EPSJV/Fiocruz | 26/10/2010 09h00 - Atualizado em 01/07/2022 09h46

 Três horas de exposição foi pouco tempo para responder às perguntas dos alunos do Programa de Educação de Jovens e Adultos (Peja), na Rede CCAP, em Manguinhos. A palestra Os recursos petrolíferos e desenvolvimento sustentável, proferida pelo professor da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Geraldo Ferreira, despertou muita atenção dos cerca de 40 estudantes do Peja. O encontro aconteceu no último dia 21 de outubro e fez parte das atividades organizadas pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

"Por que o petróleo é tão importante para o nosso país e nossa existência? Por que se fala tanto em petróleo?". Com essas perguntas, Geraldo incentivou os alunos a refletirem logo no início da palestra. Em seguida, o professor mostrou um pequeno vidro contendo petróleo. O vidrinho foi passado de mão em mão diante de olhos curiosos; alguns se arriscaram inclusive a tocar no líquido viscoso. "Nosso modo contemporâneo de vida é muito dependente do petróleo, por isso toda essa importância. Por isso também há brigas de potências contra a Venezuela, por exemplo", comentou Geraldo, explicando que o país vizinho é um dos grandes produtores de petróleo do mundo.

O pesquisador explicou que o petróleo está em muitos objetos de uso no cotidiano como detergentes, cosméticos, plásticos, fertilizantes, tecidos como lycra e microfibra, além dos combustíveis. De acordo com ele, a descoberta do Pré-Sal pode fazer com que o Brasil passe a ter um grande destaque no plano internacional, justamente pela abundância do óleo. "O pré-sal deveria ser o debate mais importante dessas eleições", opinou Geraldo. "Existe diferença na qualidade de um petróleo para outro?", pergunta um dos estudantes no decorrer da palestra. O professor respondeu afirmativamente e explicou que é justamente por causa dessa diferença que o petróleo da camada Pré-Sal pode ser muito valorizado, já que se trata de um óleo mais leve, portanto, mais adequado para a produção de gasolina, querosene e óleo diesel - produtos mais valorizados no mercado.

Como se forma o petróleo?

"Então, o senhor está querendo dizer que os altos relevos foram feitos assim, no choque das placas?", concluiu um estudante diante da explicação do professor sobre o movimento das placas tectônicas e a formação do petróleo. Aprovando a conclusão do aluno, Geraldo é o responsável pela atual geografia do planeta.  "Apesar de acharmos que tudo é lento porque as coisas demoram a acontecer e demoramos a conhecê-las, o planeta está em constante movimento. E foi por isso que o petróleo surgiu", destacou.

 Conforme explicou o palestrante, o petróleo foi formado há aproximadamente 150 milhões de anos e é produzido nas rochas sedimentares, a partir de cadáveres de pequenos seres vivos - animais e plantas. Para deixar claro o quanto a formação do petróleo é antiga, Geraldo chamou atenção para a idade do ser humano na Terra - que é de apenas 150 mil anos aproximadamente. "O petróleo é como um bolo: precisa dos ingredientes e do forno para ser cozido", comparou. O forno, no caso, é o próprio interior da Terra, que é muito quente. Segundo o pesquisador, a causa de tanto calor não é ainda totalmente conhecida, mas a hipótese mais considerada é a de que isso se deva à desintegração de elementos radioativos no núcleo do planeta.

Extração do petróleo

Para explicar como se retira o petróleo do solo ou do mar, Geraldo utilizou comparação. "Há procedimentos para identificar o petróleo que se assemelham a uma ultrassonografia, que verifica o interior das rochas, onde está alojado o petróleo", detalhou. O professor acrescentou que a produção de petróleo no mar é mais cara do que na terra e que o Brasil detém um alto nível de conhecimento para extração de petróleo em águas profundas.

De acordo com ele, a produção brasileira do combustível é de cerca de 2 milhões de barris diários, o que significa 20 mil caminhões carregados de petróleo. Entretanto, ele ressaltou que o óleo é um recurso natural não renovável e que, com as reservas que se conhece hoje, é possível ter petróleo apenas para os próximos 60 anos. "Não basta saber como extrair, é preciso saber como usar o petróleo", alertou o professor.

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