Entrevista
-
Em meio à pandemia, a precarização do trabalho é um dos assuntos que, depois da saúde, mais impactam e preocupam o país. Nesta entrevista, a professora titular do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (FFCH/UFBA) Graça Druck apresenta como historicamente a terceirização vem sendo desenhada no mundo e no Brasil e analisa como isso afeta o direito do trabalho e a organização dos trabalhadores. Desde a pandemia, o cenário de demissões e de flexibilizações de direitos tem se intensificado. E segundo Graça, exatamente os trabalhadores de serviços essenciais, aqueles que não podem parar, são os que ocupam o maior número de contratos de terceirização. Para a pesquisadora, esses são resultados de um modelo que atende à agenda neoliberal e que, no Brasil, foi intensificado com a aprovação das leis nº 13.429 e nº 13.467, ambas em 2017, que, segundo ela, liberam a terceirização sem limite, retiram direitos trabalhistas e impedem a organização das diferentes categorias, tornando cada vez mais heterogênea a identidade dos trabalhadores. Graça explica, nesta entrevista, que esse é um fenômeno global, mas alerta que países periféricos e classes mais pobres são as que mais sofrem com os impactos.
-
No último sábado (19), a lei 8.080, conhecida como a Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (SUS), completou 30 anos. A norma – que deu o nome de SUS ao sistema formulado pelo movimento da Reforma Sanitária e garantido na Constituição de 1988 - veio para efetivamente estabelecer a forma como o novo sistema se organizaria de modo a garantir o que a Carta Magna promulgada dois anos antes havia consagrado quando afirmou a saúde como um direito de todos e um dever do Estado. Nessa entrevista, o advogado sanitarista Thiago Campos, diretor regional do Instituto de Direito Sanitário Aplicado (Idisa), faz um balanço dos avanços e limites da lei que completa três décadas de existência, e destaca sua importância em um momento em que o SUS, ainda que com imensas dificuldades, mostra toda sua relevância em meio à maior crise sanitária dos últimos cem anos.
-
Nessa entrevista o pesquisador do Instituto Gonçalo Moniz/Fiocruz Bahia Manoel Barral apresenta porque a vacina não deve ser vista como solução única de retorno das aulas presenciais. Além do acesso aos insumos, a forma de distribuição de vacina de maneira global ainda é um dos desafios a serem enfrentados. Barral explica ainda que todas as ações relacionadas ao enfrentamento do COVID-19 devem ser de forma coletiva. Não há solução única nem ações individuais que possam dar conta de tamanha complexidade.
-
Nesta entrevista, realizada para subsidiar uma matéria sobre Escola Unitária, o professor Paolo Nosella, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), conta um pouco do cenário a partir do qual o italiano Antonio Gramsci desenvolveu esse conceito e, numa crítica à profissionalização precoce, polemiza com os educadores que defendem o ensino médio integrado à educação profissional.
-
Nesta entrevista, realizada originalmente para a produção de uma matéria sobre Escola Unitária, publicada na edição especial da Revista Poli, comemorativa dos 35 anos da EPSJV/Fiocruz, Luiz Carlos Freitas conta a experiência da Escola Única do Trabalho na Rússia pós-revolução. O professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostra que há diferenças entre os princípios dessa concepção, elaborados pelos Pioneiros da Educação, e a forma como eles foram postos em prática, analisa as dificuldades de adoção desse‘modelo’ nos dias de hoje e comenta o quanto a Reforma do Ensino Médio brasileiro se distancia dessa perspectiva, ao aprofundar a dualidade educacional.
-
No mesmo ano em que a Fiocruz faz 120 anos e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) completa 35 anos, enfrentamos a pandemia provocada pelo coronavírus, que ficará marcada na história da instituição, do Brasil e do mundo. Nesta entrevista, a presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade, nos ajuda a revisitar o passado para compreender o presente e planejar o futuro: ela conta que foi como desdobramento e resposta às necessidades colocadas pela Reforma Sanitária que surgiram três das atuais unidades técnico-científicas da instituição, entre elas a Escola Politécnica (EPSJV), também conhecida como ‘Poli’. Naquele momento, assim como agora, a Fiocruz se abria para além da comunidade científica, participando e fomentando debate na sociedade, produzindo informação e apostando na formação. Seu papel, como nos tempos atuais, era fundamental para uma nova concepção e perspectiva de saúde. Nesta entrevista, a primeira mulher a se tornar presidente da Fundação, e que está à frente das diversas iniciativas de combate à pandemia, reflete sobre a importância da articulação entre todas as áreas da instituição no enfrentamento técnico da Covid-19, destacando o engajamento dos seus trabalhadores e estudantes. Relembra ainda o contexto histórico em que a EPSJV foi gestada e ressalta a importância dos trabalhadores técnicos em saúde antes e durante a atual crise sanitária.
-
No dia 9 de agosto, Dia Internacional dos Povos Indígenas, diversas lideranças e apoiadores do movimento soaram o ‘maracá’ em suas redes sociais, com o objetivo de estimular a solidariedade nacional e internacional em relação à disseminação da Covid-19 entre povos indígenas brasileiros. A ação soma-se a outras frentes no Legislativo e Judiciário, onde a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), parlamentares, pesquisadores e militantes em geral têm cobrado iniciativas para promover o debate e denunciar o que consideram a falta de ações do governo no enfrentamento da pandemia nessas comunidades. Nesta entrevista, Ana Lucia Pontes, professora-pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) e coordenadora do Grupo de Trabalho de Saúde Indígena da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), explica o contexto da pandemia entre os indígenas e aponta as principais dificuldades, antes e depois da Covid-19.
-
Nesta entrevista, que ajudou a compor a série de reportagens da Revista Poli sobre a história da educação profissional no Brasil, o professor da Universidade Tecnológica do Paraná Domingos Leite Filho caracteriza esse segmento educacional e explica as origens da instituição escola como responsável pelo aprendizado dos ofícios. Fala ainda sobre a concepção de trabalho que deve se articular com a educação e justifica por que faz sentido defender a formação técnica ainda na educação básica, no contexto brasileiro
-
Nesta entrevista, realizada para a produção de uma série de reportagens em homenagem aos 35 anos da EPSJV/Fiocruz, a professora titular aposentada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Lucília Machado explica o que é educação profissional, conta como as escolas substituíram as corporações de ofício como espaço de aprendizado e fala sobre a trajetória desse segmento em diferentes momentos da história do Brasil
-
Nesta entrevista, realizada para subsidiar uma série de reportagens sobre a história da educação profissional no Brasil, José Geraldo Pedrosa, professor do mestrado em educação profissional do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), fala sobre esse segmento educacional nos anos 1930 e 1940. Lembrando o contexto da 2ª Guerra Mundial, ele explica o processo de criação do ensino industrial, fala sobre a atuação do empresariado na construção do Sistema S e aponta as diferenças entre as iniciativas que inauguram essa política no início do século