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Audiovisual na educação

EPSJV/Fiocruz considera uso de recursos audiovisuais como ferramenta potente de produção de conhecimento
Julia Neves - EPSJV/Fiocruz | 11/04/2019 14h27 - Atualizado em 01/07/2022 09h44

Mostras, seminários, exibições de filmes seguidas de rodas de conversas, curtas-metragens produzidos por alunos... Não são poucas as experiências de audiovisual promovidas pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) como parte do processo formativo. Formalizado como disciplina em 2008, o audiovisual está presente em diversos espaços como forma de fomentar discussão e produzir conhecimento junto com os estudantes, tanto do ensino médio integrado à educação profissional quanto da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “É o uso da tecnologia para além do tecnicismo, para uma formação humana”, ressalta Gregório Albuquerque, professor-pesquisador da EPSJV/Fiocruz.

CinEJA

Pelo terceiro ano consecutivo, a Escola promove o CinEJA, uma espécie de cineclube seguido de rodas de conversa com os estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA-Manguinhos), que acontece no turno da noite na Escola Politécnica. Na primeira edição deste ano, realizada em março, foi exibido o filme ‘Estrelas além do tempo’, que conta a história de três cientistas negras que trabalharam na NASA durante a década de 1960 e colaboraram para a conquista espacial nos Estados Unidos. “A partir do filme, pudemos discutir diversas temáticas como racismo, segregação, ciência, machismo e feminismo. É uma forma de discutir temas caros através de outras ferramentas. Por meio da subjetividade, os alunos conseguem avaliar, ponderar e absorver o conteúdo de cada disciplina“, observa Jeanine Bogaerts, da equipe da coordenação da EJA/Manguinhos. Ela acrescenta que, na maioria das vezes, o filme escolhido está fora do circuito comercial, “o que é bom porque é algo que está fora do cotidiano dos alunos”.

Segundo a professora-pesquisadora da EPSJV/Fiocruz Danielle Cerri, o CinEJA é também parte dos esforços de integração curricular entre as disciplinas. Ela explica: “A gente se reúne, decide um filme potente com uma ou várias temáticas e, a partir disso, cada um faz um recorte de acordo com sua disciplina”.

Parte do currículo

No Ensino Médio, o audiovisual é uma das opções da disciplina de artes - junto com música, teatro e artes visuais - ao longo dos três primeiros anos do curso – que tem quatro, ao todo. Na disciplina específica, os estudantes aprendem teorias e técnicas de audiovisual. No primeiro ano de curso do ensino médio, também é realizado um cineclube, batizado de Cinenuted. De acordo com Albuquerque, o objetivo principal dessa atividade é criar um “estranhamento” nos alunos. Por isso, são escolhidos filmes produzidos numa linguagem cinematográfica diferente da dos chamados blockbusters, com maior apelo comercial. Após cada exibição, acontece um debate que busca destacar aspectos importantes da produção cinematográfica. O Cinenuted é realizado uma vez por mês como uma oficina permanente das ‘Atividades Diversas’. Em 2019, estão sendo exibidos filmes como ‘Infiltrado na Klan’, que conta a história de um policial negro infiltrado em uma organização que defende a supremacia branca; e ‘Numa escola de Havana’, que trata da relação entre uma professora experiente e um aluno rebelde em Cuba.

Já o segundo ano da disciplina é organizado em três módulos que visam discutir sobre “realidade” e “imaginário e sociedade”. O módulo introdutório é composto de elementos que possibilitam ao aluno a primeira experiência com a linguagem cinematográfica, tais como fotografia, história do cinema, análise fílmica e elementos técnicos. No segundo, são discutidos elementos da linguagem cinematográfica e suas relações com a construção da realidade fílmica, tais como roteiro, som, luz e montagem. Para cada um desses elementos, as aulas abordam tanto a história, como o uso e a técnica No terceiro módulo, são apresentadas as diferentes visões de como é feito o cinema no Brasil e no mundo.

O terceiro ano é divido em dois módulos: “Imaginário e Sociedade II”; e “Produção Audiovisual”. No primeiro, é discutido o papel e as formas com que as imagens são usadas nas relações sociais, o uso das novas mídias na produção audiovisual e seu lugar de mera reprodução ou criação artística, além de exemplos de produção contemporânea do cinema mundial. Já no segundo, os estudantes produzem um curta metragem. “As temáticas trazidas pelos alunos refletem diretamente seu cotidiano social e escolar. Os temas trazidos para produção dos vídeos no terceiro ano são, em alguns casos, discussões realizadas em outras disciplinas e espaços da Escola”, destaca Albuquerque.

Sucesso de crítica

Mais de dez filmes produzidos por alunos da EPSJV/Fiocruz já tiveram reconhecimento nacional e internacional, sendo selecionados para exibição em festivais de cinema. O filme ‘Contracorrente’, por exemplo, produzido por estudantes do quarto ano do Ensino Médio de 2018, da habilitação de Análises Clínicas, foi exibido em outubro do ano passado, no Vídeo Fórum da Mostra Geração do Festival do Rio. Ele também conquistou o segundo lugar na categoria Ensino Médio no Festival de Cinema Estudantil de Guaíba, no qual Rodrigo Gomes, aluno e ator principal do filme, ganhou prêmio de melhor ator. O aluno foi destaque ainda no Festival Internacional de Cinema Estudantil e no Festival de Cinema Escolar de Alvorada-RS, também como ganhador na categoria. Em 2016, o vídeo ‘O espelho da mente’, de alunos das habilitações de Gerência em Saúde e Análises Clínicas, ganhou o troféu de melhor direção de arte no Festival Internacional de Cine Estudantil (Cinest).

Espaço de produção

A Mostra Audiovisual é uma troca de experiências entre professores, alunos e produtores que discutem o audiovisual na educação. O encontro, organizado pela EPSJV/Fiocruz anualmente, une escolas da rede pública para exibir curtas produzidos pelos alunos e promover um espaço para a troca de experiências entre eles. Criada em 2011, ela já exibiu mais de 120 vídeos selecionados, de diversas partes do Brasil e de países como Itália, Espanha, Portugal e Argentina.

Em 2018, aconteceu a primeira edição do ‘Seminário de Audiovisual e Educação: metodologias na construção de conhecimento’, no qual foram apresentados 26 trabalhos de professores de sete estados do país – Rio de Janeiro, Sergipe, Rio Grande do Sul, Bahia, Santa Catarina, Pará e Maranhão.

Leia mais

Desde 2006, filmes produzidos por alunos da EPSJV são selecionados para exibição no Festival do Rio e em outros festivais de cinema. Os curtas são produzidos durante as aulas da Disciplina de Audiovisual, nas quais os estudantes aprendem teorias e técnicas de audiovisual
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Comentários

Gostaria de estar um pouco mas por dentro pois sei que é um mercado vasto e muito grande na area