Entrevista
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Ivanilde Apoluceno é professora e coordenadora do Núcleo de Educação Popular da Universidade Estadual do Pará (NEP-UEPA). Nesta entrevista, ela descreve sua experiência com alfabetização de jovens, adultos e crianças, incluindo uma pesquisa recente com algumas do espectro autista, utilizando os princípios e metodologia de Paulo Freire. A pesquisadora também analisa políticas e discursos educacionais contemporâneos à luz da pedagogia freireana e ressalta o que considera uma perspectiva decolonial na sua obra.
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José Willington Germano é professor emérito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e, além de estudar, viu e viveu de perto a efervescência cultural que marcava o Nordeste brasileiro nos anos 1960. Quando a experiência de alfabetização de adultos de Paulo Freire aconteceu no pequeno município de Angicos, ele morava numa cidade ao lado. Mais tarde, pesquisou e produziu análise crítica sobre a campanha ‘De pé no chão também se aprende a ler’, que envolvia iniciativas de educação popular e cultura em Natal, mais ou menos no mesmo período das ‘40 horas de Angicos’. Nesta entrevista, ele descreve o ambiente cultural da época no “Brasil profundo” e aproxima o trabalho de Freire de autores que hoje discutem a opressão por uma perspectiva decolonial.
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Lisete Arelaro é professora emérita da Universidade de São Paulo (USP), foi secretária de educação na cidade de Diadema em dois períodos e integrou a equipe de Paulo Freire que esteve à frente da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo do governo Luiza Erundina, em 1989. Nesta entrevista, ela conta detalhes dessa experiência, destacando os sucessos e as dificuldades da gestão, e mostra como se tentava colocar em prática as concepções freireanas.
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Roberto Leher é professor, pesquisador e ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nesta entrevista, ele destaca a importância do trabalho de Paulo Freire ao mesmo tempo em que faz um balanço crítico da estratégia política da qual os movimentos de educação popular e cultura dos anos 1960 teriam sido parte. Segundo o professor, em plena Guerra Fria, a educação se tornou cenário de disputa explícita, o que fez com que, na mesma época em que Freire avançava na alfabetização de adultos com foco na conscientização, chegasse ao país a teoria do capital humano, que marcaria o tecnicismo na educação ainda hoje.
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Grasiele Nespoli é professora e pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), da Fiocruz, e foi uma das coordenadoras do curso EdPopSUS, um projeto que formou quase dez mil lideranças comunitária e trabalhadores de saúde, principalmente Agentes Comunitários de Saúde (ACS), no Brasil inteiro. Nesta entrevista, ela explica como a herança de Paulo Freire tem se traduzido em experiências do campo da saúde, com potencial de mudar as relações entre profissionais e usuários do sistema.
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Walter Kohan é professor titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e autor de vários livros que tratam sobre a vida e a obra freireana. Nesta entrevista, produzida para a matéria de capa da Revista Poli e que integra um especial comemorativo do centenário de Paulo Freire, o pesquisador contextualiza as experiências desenvolvidas pelo patrono da educação brasileira. Ele também questiona o uso da expressão “conscientização” associada à sua pedagogia, analisa os programas educacionais atuais à luz dessa concepção e explica por que Freire se tornou alvo de perseguição de grupos políticos no Brasil de hoje.
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Será a “extinção” do licenciamento ambiental no Brasil. Assim a nota da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Abrasco, define o que vai acontecer se o projeto nº 2.159, de 2021, que já foi aprovado na Câmara dos Deputados e está sendo agora discutido no Senado, se tornar lei. Depois de tramitar por mais de 20 anos, o texto que institui uma lei geral do licenciamento ambiental finalmente avançou, mas não sem antes ser completamente descaracterizado, tornando-se o oposto do que defendiam pesquisadores, entidades e movimentos sociais ambientalistas. Engenheiro sanitarista e professor-pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), da Fiocruz, Alexandre Pessoa ajudou a construir o posicionamento público da Abrasco e tem travado esse debate em todos os espaços possíveis. Nesta entrevista, ele mostra como o PL praticamente elimina o papel do Estado na regulação de obras de infraestrutura, energia elétrica, saneamento e instalações agropecuárias, entre vários outros empreendimentos que possam gerar impactos socioambientais e à saúde das populações. Além de detalhar as muitas ‘armadilhas’ embutidas no texto e exemplificar com tragédias e riscos reais, Pessoa alerta para o que considera um dos principais retrocessos do projeto: a separação, proposital, entre ambiente e saúde, ignorando-se os impactos mais ou menos diretos que as questões ambientais têm sobre a qualidade de vida das pessoas e as condições sanitárias do país.
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O Ministério da Educação (MEC) publicou no Diário Oficial da União no dia 14 de julho a portaria 521, que institui o Cronograma Nacional de Implementação do Novo Ensino Médio. Entre outras medidas, a normativa adiou para 2024 o prazo para que as redes estaduais implementem as mudanças trazidas pela lei 13.415/2017, a chamada reforma do ensino médio, que inicialmente previa um prazo de cinco anos para que fosse implementada, que terminaria no ano que vem. A medida já era esperada pelas redes estaduais em meio aos desafios trazidos pela pandemia de Covid-19, com o fechamento de escolas e o agravamento da crise econômica que afetou diretamente a arrecadação tributária dos estados. Nesta entrevista, a pesquisadora do Observatório do Ensino Médio da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Camila Grassi analisa os efeitos da portaria 521, que segundo ela exemplifica a articulação existente no conjunto de mudanças instituídas na esteira da aprovação da reforma do ensino médio, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação) e o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) 2021. Processo que, como lembra Camila, vem sendo realizado segundo a concepção educacional dos agentes que compõem o que ela chama de redes de governança, nas quais se articulam institutos privados que representam os interesses de diferentes frações do empresariado no campo educacional.
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Nesta entrevista, a professora da Universidade de Brasília (UnB) Elisabetta Recine analisa as razões e as consequências do crescimento da fome no Brasil, analisando dados de duas pesquisas recentes. Integrante do Grupo Temático Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), ela aponta ainda o risco de se voltar a um cenário de desnutrição, principalmente infantil, com impacto sobre o SUS, e alerta sobre o quanto o país vai demorar para se recuperar desse retrocesso.
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Em fevereiro, Jair Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional uma lista com as 35 metas prioritárias para sua administração em 2021. Apenas uma delas era relacionada à educação: aquela que tratava da regulamentação do homeschooling no Brasil. A modalidade, também conhecida como educação domiciliar, permite que as famílias ofertem educação básica a seus filhos em suas próprias casas, sem o – até agora – obrigatório vínculo com uma escola. A iniciativa, defendida pelos ministros da educação, Milton Ribeiro, e da mulher, da família e dos direitos humanos, Damares Alves, tem sofrido fortes críticas da sociedade civil. Romualdo Portela de Oliveira, é um estudioso do tema e de suas implicações no Brasil e no mundo. Presidente da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae) e professor titular aposentado da Universidade de São Paulo (USP), ele organizou, junto à pesquisadora Luciane Barbosa, o dossiê ‘Homeschooling e o direito à educação’. Defendendo a educação escolar como garantia da pluralidade, da convivência com o contraditório e a escola como espaço indispensável para a redução das desigualdades, ele analisa os rumos desse debate no Brasil e avalia os resultados produzidos por experiências internacionais em educação domiciliar.